quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Aracatu: Imagem do padre Ladislau é pinchada por meliantes


Infelizmente a fiscalização não dão conta de conter  as ações de vândalos que vem praticando depredações e pinchações nos  órgãos públicos na cidade de Aracatu, é tão absurdo que nem a imagem de um dos personagens importantísimo na história da religião foi poupada dessa vez. Aproveitando a ausência  de “guardiões” os maus feitores  usaram tintas vermelhas  e pintaram a face da estátua do padre Ladislau Klener em total desrespeito e amor a Deus.
O padre Ladislau Klener deixou a Europs para dedicar sua vida em defesa dos mais pobres  e excluídos do nordeste brasileiro, além de outras cidades da região,  o religioso também fez muito pela comunidade aracatuense, aqui ele deixou sua história de amor e fé, uma praça em seu nome e sua estátua que ao invéz de ser cuidada com todo respeito está sendo bajulada por pessoas inescrupulosas.


Um pouco da história do Pe. Ladislau Klener

                              

Por Anderson Ferreira
Formado em jornalismo pela UESB

“Nasci no dia da aparição de Nossa Senhora de Fátima”, assim respondia Pe. Ladislau Klener quando interrogado sobre a data de seu nascimento, 13 de outubro de 1927. Subotica, na Hungria, era a sua terra natal. Ordenou-se sacerdote no ano de 1951, em Viena, Itália. Nasceu no seio de uma família religiosa. Além de Ladislau, seus pais, José Klener e Rosa Somogyi, tiveram mais três filhos: Américo, Irma e José.

Depois dos primeiros trabalhos como padre na Europa, Pe. Ladislau veio para o Brasil, em 1972, à procura de um serviço que o absorvesse totalmente.

Aqui, naturalizou-se brasileiro. Seu sonho era trabalhar inteiramente pelos pobres. Por essa razão, após curta estadia na capital paulista, veio para o sertão da Bahia, onde exerceu suas atividades sacerdotais nos municípios de Tremedal, Piripá, Cordeiros, Aracatu, Presidente Jânio Quadros, Maetinga, Caraíbas e, por último, Malhada de Pedras. A Diocese de Caetité foi à escolhida por ele devido à necessidade de padres nessa região.
Uma das características de Pe. Ladislau era construir casas tanto nas paróquias por onde passava como para os pobres que necessitassem de uma moradia mais digna. Assim que chegou à Malhada de Pedras, demorou poucos meses para que ele viabilizasse as construções de uma casa paroquial e de uma casa para religiosas, assim como a construção de uma nova igreja matriz, pois a que existia era pequena e já estava com a estrutura deteriorada. Além disso, fez um levantamento de quantas famílias precisavam de doações e de uma casa mais digna para morar.
Outra bandeira de Pe. Ladislau foi a luta por congregações de religiosas nas paróquias por onde passou. Para ele, a presença das irmãs criava um clima de segurança e paz para a população. Em Malhada de Pedras, para conseguir as Irmãs Beneditinas Missionárias de Tutizing, onde atuam desde 1990, o padre viajou até Recife para solicitar a assistência das religiosas a paróquia. Para tanto, preparou a casa e os paroquianos para receberem as irmãs com carinho e festejos.

O amor pelos pobres e doentes.
Uma das prioridades de Pe. Ladislau eram os pobres. Quando se tratava de ajudá-los, nenhuma dificuldade o detinha. Escrevia cartas para parentes e benfeitores, para empresas, entidades e autoridades, quer do Brasil ou do estrangeiro, pedindo e agradecendo sempre. Tinha o costume de sair com sacolas, ao lado dos coroinhas, pedindo nas feiras e no comércio. Distribuiu centenas de filtros, pois queria que todos bebessem água limpa. Comprava e estocava carregamentos de arroz, feijão, óleo, açúcar e outros mantimentos para distribuir nas épocas de maior carestia. Recebia também enormes fardos de roupas para doação.

 As viagens a Vitória da Conquista, a fim de fazer compras, eram um compromisso semanal de Pe. Ladislau. Antes de partir, celebrava uma missa, por volta das cinco da manhã, mesmo que estivessem duas ou três pessoas. Segundo o professor Antônio Caetano, motorista de Pe. Ladislau, o caminhão, uma F-400, andava sempre cheio, por ordem do padre. “Carro tem que andar cheio, carro andar vazio é prejuízo”, lembra Caetano referindo-se a forma como o padre dizia. Na maior cidade do sudoeste baiano, passava o dia inteiro pechinchando e comprando peças de cerâmica, torneiras, portas, janelas, colchões, velas, leite e materiais para construção. Tudo isso para os pobres e para as obras das paróquias.

 O amor aos doentes foi outra qualidade que o distinguiu. Fazia os maiores sacrifícios para atender uma pessoa enferma. Não olhava para as despesas do carro, para os buracos da estrada e nem para o tempo. Se o enfermo era de condição precária, após assistido espiritualmente, recebia também uma ajuda material que consistia em mantimentos ou alguma quantia em dinheiro.

Homem das letras

Pe. Ladislau era um homem culto e viajado. Falava sete idiomas e tinha dois doutorados. O primeiro, em História da Igreja pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica de Viena e, o segundo, em Direito Canônico pela Universidade Pontifícia Lateranense, de Roma. As duas teses defendidas nos dois doutorados são guardadas como relíquia pela família, mas ele nunca contou isso a ninguém, nem mesmo aos mais chegados.

O dia da despedida
Pe. Ladislau veio a falecer, aos 66 anos, no dia 27 de novembro de 1993, às sete horas da manhã, num sábado, dia de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, de quem era devoto. Nas últimas horas de vida do padre, muitas pessoas estiveram com ele em sua casa. A auxiliar de enfermagem Edith Moreira Oliveira, conhecida como “Nicota”, foi quem cuidou de Pe. Ladislau, ao lado de alguns voluntários, depois que ele voltou da Áustria. “Para mim foi uma honra cuidar do padre e cuidei até o dia em que Deus quis”. Nicota fala dos últimos momentos de vida do sacerdote. “Quando eu vi o padre naquela agonia percebi que ele estava partindo. Então, eu corri e chamei Pe. Clóvis”. O padre era amigo de Pe. Ladislau. Foi ele que, alguns anos depois da morte do amigo, publicou um livro com a biografia do sacerdote, cujo título é “Pe. Ladislau, uma vida inteira pelos pobres”.

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