O juiz federal Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba,
condenou o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares a cinco anos de prisão em
regime inicial fechado. A condenação, que também inclui o empresário Ronan
Maria Pinto e mais três pessoas, é referente ao processo instaurado na 27ª fase
da Operação Lava Jato, deflagrada em abril do ano passado. Delúbio ainda
responde a outra ação penal decorrente das investigações de irregularidades na
Petrobras.
Na sentença, Moro lembrou que o ex-tesoureiro tem "maus
antecedentes" e citou a condenação de Delúbio na Ação Penal (AP) 470, que
ficou conhecida como processo do mensalão. "Não é, porém, reincidente,
pois o crime presente é anterior ao trânsito em julgado da condenação na Ação
Penal 470", escreveu o juiz.
Moro considerou, no entanto, que o réu agiu de forma
sofisticada. "A lavagem, no presente caso, envolveu especial sofisticação,
com utilização de duas pessoas interpostas entre a fonte dos recursos e o seu
destino final, além da simulação de dois contratos falsos de empréstimo. Tal
grau de sofisticação não é inerente ao crime de lavagem e deve ser valorado
negativamente a título de circunstâncias", diz o trecho da sentença
referente a Delúbio.
Também foram condenados nesta ação penal os empresários
Ronan Maria Pinto, Enivaldo Quadrado, Luiz Carlos Casante e Natalino Bertin. No
caso deste último, Moro considerou o crime como prescrito devido ao tempo
decorrido entre o último delito e o recebimento da denúncia.
Foram absolvidos no processo o empresário Oswaldo Rodrigues
Vieira Filho, o publicitário Marcos Valério de Souza, o jornalista Breno
Altmann e o ex-presidente do Banco Schahin Sandro Tordin.
Todos os condenados podem recorrer da sentença.
A investigação
A 27ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada após
suspeita de fraude em um empréstimo realizado entre o pecuarista José Carlos
Bumlai e o Banco Schahin. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a dívida
foi quitada através da contratação do Grupo Schahin para operação do
navio-sonda Vitória 10.000. O contrato custou à Petrobras US$ 1,6 bilhão.
A investigação apontou Delúbio como solicitante do
empréstimo. Segundo depoimento do publicitário Marcos Valério, parte do
dinheiro foi destinada ao empresário Ronan Maria Pinto, acusado de chantagear líderes do PT.
Defesas
O advogado Pedro Paulo de Medeiros, que representa Delúbio
Soares, disse em nota que vai recorrer da sentença e ressaltou que, "em
momento algum", o ex-tesoureiro do PT "solicitou ou anuiu com
empréstimo de valores junto ao Banco Schahin".
Fernando José da Costa, responsável pela defesa do
empresário Ronan Maria Pinto, também se manifestou por meio de nota: “Não
concordamos com a decisão proferida e estaremos recorrendo perante os tribunais
superiores”.
Edição: Denise Griesinger
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