(Foto: Reprodução)
A cada 10 partos realizados em maternidades particulares no
Brasil, 8,5 são cesáreas - a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda 1,5.
É essa discrepância na rede privada que faz com que o Brasil ainda ostente o
triste título de país com mais cesarianas do mundo. Mas futuros levantamentos
sobre o tema podem trazer uma queda nesse percentual por causa de um projeto
chamado Parto Adequado, implementado em 40 hospitais do país, que visa a
combater a epidemia de cesáreas. Em menos de um ano, essas maternidades
conseguiram derrubar suas taxas em 9 pontos percentuais, fazendo com que a
média de cesarianas caísse de 78% para 69%.
Além disso, mais da metade dos hospitais envolvidos já
conseguiu reduzir o índice para 60%. Mas por que esse projeto - uma parceria
entre a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Hospital Israelita
Albert Einstein e a organização americana Institute for Healthcare Improvement
- vem dando frutos após décadas de fracasso para lidar como problema? Segundo
os profissionais ouvidos pela BBC Brasil, ligadas ou não ao Parto Adequado, o
sucesso está em atacar em várias frentes, inclusive nas mais polêmicas."É
claro que não íamos mudar nada para valer se não discutíssemos novos modelos de
remuneração dos obstetras. E isso passa por resgatar o papel fundamental das
enfermeiras nos partos de baixo risco, ainda que isso signifique enfrentar a
resistência de alguns médicos", diz Rita de Cássia Sanchez, obstetra e
especialista em medicina fetal do Einstein. A diretora de Desenvolvimento Setorial
da ANS, Martha Oliveira, diz que é preciso reorganizar todo o sistema.
"Trabalho há mais de 10 anos com o tema parto na ANS, mas nada dava certo.
Isso porque nosso sistema de saúde nesse setor está preparado para (que partos)
tenham como desfecho uma cesariana. Precisamos mudar isso."
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