Quando terminar o rastreamento da propina de US$ 15 milhões
paga pelo ex-executivo da Toyo Setal, Júlio Camargo, ao esquema do Petrolão, os
procuradores da Operação Lava Jato chegarão à mais forte conexão encontrada até
agora entre os desvios ocorridos na Petrobras e as campanhas eleitorais do PT e
da presidente Dilma Rousseff em 2010 e em 2014, de acordo com informações
publicadas pela revista Istoé.
Documentos obtidos pela reportagem mostram pela primeira vez
desde o início das investigações o envolvimento de um empresário que nada tem a
ver com empreiteiras ou com o setor de óleo e gás como beneficiário do
Petrolão. Trata-se de Walter Faria, dono da Cervejaria Petrópolis -- que produz
a cerveja Itaipava – e amigo pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
Os papéis mostram que Faria se tornou um dos maiores
financiadores das campanhas de Dilma depois de receber propina do Petrolão em
uma conta na Suíça. Na disputa eleitoral do ano passado, Faria destinou R$ 24,8
milhões para o PT e seus aliados. Para a conta da então candidata Dilma
Rousseff foram remetidos R$ 17,5 milhões em um intervalo de apenas cinco dias,
entre 29 de setembro e 3 de outubro. São
valores que fizeram da cervejaria sediada em Boituva (SP) a quarta maior
financiadora da campanha da presidente, com R$ 10 milhões a mais do que foi
doado pela Ambev, a gigante do setor de bebidas, e atrás apenas de potências
empresariais como o Grupo JBS, a Andrade Gutierrez e a OAS.
Ainda segundo a publicação, em setembro de 2014, a direção do
banco mudou e apadrinhados da presidente Dilma e do então governador baiano,
Jaques Wagner, assumiram o comando. Com a mudança, em apenas 24 horas Faria
conseguiu se livrar das cartas fianças e apresentar garantias que, segundo
analistas, jamais seriam aceitas por um banco privado. “Como alguém que carrega
uma dívida de R$ 400 milhões com a Receita consegue tanto privilégio de um
banco público?”, questiona o deputado Rubens Bueno (PPS-PR). É provável que a
resposta esteja nas relações políticas.
No ano passado, além de se tornar a quarta maior doadora da
campanha presidencial de Dilma, a Cervejaria Petrópolis foi, na Bahia, a
principal financiadora da campanha do governador petista, Rui Costa, sucessor
de Jaques Wagner. Segundo os registros do TSE, a Cervejaria de Faria repassou
R$ 6,2 milhões para a campanha do governador, R$ 2 milhões a mais do que a OAS,
a segunda maior fornecedora de recursos para o PT baiano.
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